sábado, 27 de novembro de 2010

No elevador do filho de Deus

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas

Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento

Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.

Elisa Lucinda

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Eu Faço!

Oxi!
Eu faço é puesia moço
Essa coisa boa que entra pelo ouvido e penetra a alma
Esse negoço gostoso que futuca
Que cutuca
Que esquenta
Mas também que acalma
Oxi moço, puesia é bom viu
Você pode fazer acumpanhado
Pode fazer no culetivo
E pode fazer suzinho
Eita que puesia gostosa de mais viu...
Ela te pega de jeito
Ela te pega com jeito
Ela te pega cum jeitinho...
Te faz um carinho...
Olhe! A puesia pode falar da pulítica
Ela pode ser pulítica
Ela pode fazer crítica
Ela pode ser crítica
É moço, ela provoca reflexão
Provoca até... hummm!!!
Moço pense em uma puesia gostosa
Que te faz sentir calor só com as palavras
Imagine moço essa puesia na prática.... rsrsrs
Imagine moço, porque faz bem pra todo mundo.
Ela te pega daqui e te leva pra li...
Pra li, pra onde tu quiser ir.
Tu sabe que tu pode ter uma rotina poética?
Puesia que fale de estética
Que fale de ética
Uma puesia que deixe as pessoas assim tudo frenética
Oxi moço, é porque tem puesia que balança a pista
Tem até puesia dispida
É dispida, assim de padrão
De patrão
Puesia assim toda nua...
Ela tem muitas utilidades num sabe
Basta o moço saber aplicar
Praticar
Assim deixar
Deixar... penetrar.
Oxi moço, eu faço é puesia viu.
E tu moço faz o que?
Sabe não é?
Então deixa a rotina poética penentrar em você.

Mara Asantewaa

OHENE NIWA

OHENE NIWA
reCaDo dADo !